“As grelhas estão vazias, mas a coragem está cheia.” Esta foi uma das frases que ecoaram
nas ruas de Luanda na segunda-feira, 28 de julho de 2025 — um dia marcado pela
tensão, revolta popular e um grito colectivo contra o peso que a crise
económica tem imposto à vida dos angolanos.
A greve nacional dos taxistas, convocada em
resposta ao recente aumento do preço do combustível, incendiou não só as
estradas, mas também os ânimos de uma população cansada de suportar as consequências
de políticas que julgam injustas.
Uma greve que virou revolta
O reajuste do preço
do gasóleo de 300 para 400 kwanzas por litro — parte do plano de retirada dos
subsídios estatais — serviu como rastilho de pólvora. A paralisação dos
taxistas, iniciada no início da manhã, rapidamente se transformou em protestos
generalizados em bairros como Cacuaco,
Camama, Zango, Viana, e Calemba 2.
Em vários pontos,
manifestantes ergueram barricadas com pneus a arder, interromperam vias
públicas e, em alguns casos, entraram em confrontos diretos com as forças de
segurança. Lojas foram saqueadas e o cenário lembrava um estado de sítio
informal.
Tensão, mortes e detenções
A resposta da
polícia foi imediata. Relatos confirmados pela imprensa e por testemunhas
indicam que houve uso de gás
lacrimogéneo, balas de borracha e prisões arbitrárias. A Rádio
Nacional informou a morte de pelo menos 10
pessoas.
A violência gerou críticas de organizações
da sociedade civil, que acusam o governo de agir com repressão em vez de
escuta.
Alerta internacional
Diante do cenário
caótico, a Embaixada dos Estados Unidos
em Angola emitiu um alerta de
segurança, desaconselhando os cidadãos americanos a circularem pelas
zonas de protestos. Segundo a nota, há registos de "indivíduos a bloquear
estradas e a atirar objetos contra veículos".
Voz do povo, eco da verdade
A equipa da Textu Nu esteve nas ruas, ouviu vozes de
taxistas, donas de casa, estudantes e pequenos comerciantes. O que ouvimos foi
uníssono:
“Não queremos guerra. Queremos dignidade.”
Francisco, taxista
há mais de 15 anos, contou:
“Não posso
continuar a trabalhar se o litro do gasóleo custa 400 kwanzas. O que sobra não
chega nem para o pão da minha filha.”
Enquanto isso, Ana
Paula, vendedora informal, relatou:
“Hoje, não vendi nada. Tive medo de sair, porque ouvi tiros perto do mercado. O país está a sufocar-nos.”
Textu Nu está do lado do povo
Num tempo onde
desinformação corre solta e a verdade muitas vezes é silenciada, a Textu Nu reafirma o seu compromisso com a
verdade, com a liberdade de expressão e com o povo angolano.
Somos um veículo independente. Não estamos ao lado de partidos nem de governos. Estamos ao lado do povo. E estaremos sempre onde a notícia pulsa, mesmo quando o país arde.

    
    
    
  
  
    
0 Comentários