TEXTO NU | VENÂNCIO MONDLANE: VOZ DE UMA JUVENTUDE QUE NÃO SE DOBRA

Reportagem Especial | Equipa de Investigação Texto Nu
Julho de 2025

Quem é este homem que despojou o silêncio

Quem é este homem que despojou o silêncio

Venâncio António Bila Mondlane nasceu a 17 de janeiro de 1974, em Lichinga. É engenheiro florestal e académico, mas escolheu a política como via para reconstruir a democracia moçambicana. Iniciou-se como vereador municipal pelo MDM, tornou-se deputado pela RENAMO, e em 2024 encabeçou como independente a ofensiva presidencial sob a aliança com o partido PODEMOS.

A recusa dos resultados e o apelo à verdade eleitoral

Depois de a FRELIMO e o seu candidato Daniel Chapo serem declarados vencedores com cerca de 71% dos votos, Mondlane exigiu recontagem autónoma e denunciou fraude sistemática. A oposição registou dezenas de mortos em confrontos e manifestantes, enquanto os jovens o ouviram declarar-se presidente eleito pelo povo.

Ruptura com o partido que o apoiou

Aliado inicialmente ao PODEMOS, Mondlane rapidamente rompeu com o partido em fevereiro de 2025, acusando-o de violar um acordo coligatório e “vender a luta do povo” ao aceitar tomar posse parlamentar gesto visto como traição à causa popular

Um líder alvo da repressão

Mondlane foi alvo de uma tentativa de assassinato, fugiu clandestinamente para o exílio e enfrenta múltiplos processos judiciais, incluindo queixas-crime por desacato à ordem constitucional e pedidos de indemnização de milhões por prejuízos causados por manifestações identificadas com a oposição.

Um símbolo acima dos cálculos partidários

Mais do que político, Mondlane transforma-se num símbolo de diálogo interrompido e de crítica à hegemonia do poder institucional. Usa plataformas digitais para chegar a milhões de moçambicanos, mesmo com bloqueios de internet, e sustenta que a verdadeira crise começa quando o Estado prefere o silêncio à contestação civilizada

Reflexão Texto Nu

Venâncio Mondlane não é apenas candidato frustrado. É a sombra projetada pelas cavernas da democracia moçambicana. É o grito de uma juventude que, cansada de palavras ocas, exige mudança e não concessões.

Ele permanece firme. Mesmo ferido. Mesmo ameaçado. Mesmo renegado. Porque existe revolução quando um só manda-se à própria responsabilidade, mesmo que isso custe tudo.

 Fontes Consultadas

 

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