Voz urbana. Canção de Angola.
Russo K não nasceu dos platôs de televisão, nem dos holofotes programados.
Veio do ruído cru da cidade, da urgência em dizer o que muitos calam. Ninguém
sabe ao certo onde ou quando começou e talvez isso nem importe. Porque o que
realmente interessa é o que carrega na alma: um som que acorda consciências e
uma voz que incomoda.
Chegou ao ouvido do povo com faixas que não pedem licença:
"A Fome do Povo Angolano",
"Peneira as Amizades"
com Delev,
"Coluna BT do Gibelé"
com Lil Magro.
São músicas que não distraem, denunciam. Letras que batem como murros na
memória e dançam como quem protesta com os pés no chão.
O som de Russo K não é para festas vazias. É para a festa que resiste, que
não esquece. Cada batida é um grito contra o silêncio, cada verso é um espelho
partido de Angola invisível. Ele canta a ausência, a fome, a mentira, a
distância, a amizade traída. Canta a vida como ela dói e como ela insiste.
O seu primeiro álbum solo é um tributo à
Seleção Nacional. Mas mais do que isso, é uma homenagem a quem vive fora dos
holofotes:
As mães que choram sentadas no quintal,
Os jovens que caminham de chinelos gastos,
Os trabalhadores que atravessam a cidade para apanhar filas antes do sol
nascer.
Russo K é um artista, sim, mas antes disso, é
um cronista do presente. O que ele canta não é invenção. É Angola nua. E é por
isso que está aqui.
Por que
o escolhemos para este “Retrato Nu”?
Porque não celebramos apenas o talento. Celebramos a coragem.
E Russo K tem a coragem de dizer a verdade que muitos não querem ouvir.
0 Comentários